
Primeiro Capítulo: Consagração à Lua
Muito embora eu não tenha nascido em uma família deste maravilhoso povo Cigano, com certeza sou Cigana de coração e alma.
E trago em mim toda esta sensibilidade.
Tudo começou dois dias após meu nascimento.
Nasci em uma sexta-feira, às 06h da manhã, em um lar simples e humilde, e, apesar disto, meus pais, dentro de suas limitações, conseguiram me passar o significado das palavras amor, carinho e respeito.
No domingo seguinte, logo cedo, meu pai e minha mãe começaram a preparar o almoço, e me colocaram no sofá na sala, onde da cozinha conseguiam me ver. E, de vez em quando, davam uma olhadinha.
De repente meus pais observaram que um pássaro preto pousara na janela.
E, para desespero de meus pais, este pássaro pulou para dentro da sala, no sofá onde eu estava deitada!
Meus pais correram até a mim, pois temiam que a ave me causasse algum mal.
Surpresa! Nada acharam! Que susto!
Mas, este foi só o princípio…
Mal sabiam eles que, depois deste acontecimento, estranhas coisas passariam a ocorrer.
A partir daquele fato, toda vez que eu chorava, minha língua enrolava, eu perdia a respiração, ficava roxa, e tinham que me socorrer na emergência do hospital, onde demorava a voltar ao normal.
Esta condição aconteceu por algumas semanas.
Meus pais, como era de se esperar, ficaram em desespero, pois temiam que algo de mal pudesse me acontecer. Que um dia, por qualquer razão, não desse tempo de chegar ao hospital.
Como já comentei, minha família era simples, com pouca condição financeira e pouco estudo, bem como com pouca ou nenhuma orientação médica, então, eles me levavam à emergência do hospital, mas ninguém identificava a causa do problema, somente tratavam os sintomas.
Foi quando minha madrinha resolveu apressar os preparativos na igreja para meu batizado, pois temia que o pior me acontecesse sem eu estar batizada!
Seguiam os preparativos para o batizado, mas o problema continuava.
Minha madrinha, uma pessoa bastante espiritualizada, havia muito tempo consultava uma bondosa Cigana que se orgulhava de ajudar as pessoas em vários tipos de problemas.
E, em conversa com meus pais, lembram que este distúrbio começou após o pássaro ter aparecido…
Minha madrinha, desconfiando de algum malefício, resolveu marcar uma consulta para me levar na Cigana (infelizmente, o nome não me recordo).
Assim, minha madrinha resolveu falar com minha mãe sobre a intenção de me levar na Cigana.
A resposta de minha mãe foi prontamente um não, pois “não quero levar minha filha nessa mulher!”
Minha mãe só estava replicando o velho preconceito com o diferente e o desconhecido, mas muitas vezes infundado, pois existem muito mais pessoas honestas e bem-intencionadas que o oposto, em todas as religiões e áreas da vida.
Mas minha madrinha insistiu, dizendo ser minha segunda mãe e que levaria Gigi sim, com ou sem ela, pois temia pelo pior.
E o batizado ainda nos preparativos…
Então, em uma noite de lua cheia, após as 19 horas, estava marcada a minha ida à Cigana.
No dia marcado, para não deixar eu ir sozinha com minha madrinha, meus pais resolveram ir.
Ao chegar no local, ali já estava aquela linda mulher a nos aguardar.
Toda caracterizada, com suas roupas típicas e seus adereços.
Para surpresa de meus pais e de minha madrinha, a Cigana lhes contou que o povo cigano já aguardava por aquela linda criança de olhos negros como a noite, e que tinha uma linda missão, que seria de a alcançar vidas, através do conhecimento, da força e da luz, para fazer a diferença no conforto espiritual e em todos os aspectos.
E que eu, Gigi, era uma alma velha, que já tinha passado por outras vidas, e estava cheia de sabedoria.
A linda Cigana tirou minha roupa, proferiu palavras em uma língua não compreendida por meus pais e madrinha, me levantou em seus braços como um batismo, e me consagrou à Lua Cheia.
Depois devolveu-me aos braços de minha mãe, que neste momento chorava, num misto de emoção, curiosidade, medo e preocupação.
Ou seja, antes de ser batizada na igreja fui apresentada naquela noite à Lua Cheia.
A partir de então, aquele distúrbio desapareceu, e fui crescendo como uma criança quase normal.
Ou talvez nem tanto…. Kkkk.
“Não basta ter, tem que ser! Não basta crer, tem que fazer!”
“Gratidão, sempre!”
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