HISTÓRIA

“Ciganos” é uma denominação genérica que se refere a um povo heterogêneo que se espalhou pelo mundo, mas que não possui idioma escrito, desta forma, sua história foi registrada por outros povos, e muitas vezes não corresponde à realidade, pois sempre foram marginalizados e alvo de preconceitos.

A cultura cigana é tão antiga e extensa, tão cheia de crenças e histórias que nem mesmo seu povo sabe avaliar bem o que é verdade ou lenda.

Os ciganos sempre mantiveram uma série de traços de identidade característicos e certos costumes seus relacionam-se amplamente a um estilo de vida parcialmente nômade.

Eles também são conhecidos como “romi”, e seu estilo de vida ainda é alvo de preconceitos e críticas, levando à sua marginalização.

Os ciganos criaram um idioma somente oral, designado romani ou romanês, falado por algumas etnias, cujo aprendizado por não-ciganos seria proibido (mas hoje em dia, com a internet, esta proibição é burlada).

Na cultura cigana, as pessoas não possuem endereço fixo, documentos, contas em bancos ou carteira assinada.

Eles fazem negócios todo o tempo com seus pertences e gostam de pagamentos em ouro, para que tenham valor em qualquer nação.

Os ciganos são subdivididos em três etnias principais: rom, calon e sinti. Eles não formam um povo homogêneo, nem todos são nômades e nem todos falam romani.

A origem dos ciganos permaneceu misteriosa por muito tempo, até que no final do século XVIII, antropólogos culturais traçaram a origem deles na Índia, mais especificamente na região do Punjab e do Rajastão.

Os estudiosos observaram que as características do idioma romani, incluindo as alterações posteriores, indicavam esta região de origem, com a emigração iniciando-se por volta do ano de 1050, em direção à Europa e Norte da África.

Os ciganos foram incorporando hábitos e costumes das regiões onde passavam.

Eles não possuem religião própria, mas trabalham a espiritualidade por meio de princípios e crenças, mas não existe a figura de um deus (ou de deuses) em concreto, nem hierarquia religiosa.

Adotavam a religião do território por onde circulavam, assim, alguns grupos ciganos são católicos, muçulmanos, pentecostais, protestantes, anglicanos ou batistas.

Os ciganos vivem de um conjunto complexo de regras que governam coisas como limpeza, pureza, respeito, honra e justiça.

Entre os católicos ciganos é grande a devoção em torno a Santa Sara de Kali, que teria sido amparada por ciganos, no sul da França.

Na culinária cigana são indispensáveis: o cravo, a canela, o louro, o manjericão, o gengibre, os frutos do mar, as frutas cítricas e as frutas secas, o vinho, o mel, as maçãs, as peras, os damascos, as ameixas e as uvas que fazem parte inclusive dos segredos de uma cozinha deveras afrodisíaca. Nas grandes festas ciganas são servidos pratos especiais como arroz cigano.

A música cigana é produzida por instrumentos como violão, castanholas com ritmo flamenco e violino, e também usam batidas nas mãos e pés, simbolizando o sapateado.

A dança cigana possui características bastantes específicas, como a sensualidade, expressividade e força.

Todo o corpo é embalado pelos movimentos.

As mulheres costumam dançar descalças e vestidas com longas saias e enfeites nos cabelos, pescoços, punhos e dedos.

Entre as danças ciganas, o flamenco é a mais conhecida em todo o mundo.

Na Rússia, Hungria e Romênia, a dança consiste em movimentos alternados dos ombros, acompanhados ao movimento das saias/ou lenços, às vezes, estalam os dedos e, de acordo com o ritmo da música, é utilizado o pandeiro (adornado com fitas coloridas).

 

VERTENTES

As vertentes ciganas são as diferentes formas de expressão cultural e espiritual dos povos nômades que se espalharam pelo mundo.

Elas refletem a diversidade de origens, costumes, línguas e crenças dos ciganos, que se adaptaram aos lugares onde passaram ou se fixaram. Algumas das vertentes ciganas mais conhecidas são:

– CALÓ, que se refere aos ciganos que vieram da Península Ibérica e mantiveram o dialeto caló, derivado do romani com influências do espanhol e do português. Eles se dedicam principalmente ao comércio, à música e à dança flamencas, e à leitura de mãos e cartas. Eles têm uma forte devoção a Santa Sara Kali, a padroeira dos ciganos.

– ROM, que se refere aos ciganos que vieram do leste europeu e preservaram o idioma romani, com variações regionais. Eles se dividem em vários grupos étnicos, como os lovari, os kalderash e os rudari. Eles se ocupam de atividades como a metalurgia, a agricultura e o artesanato. Eles têm uma religiosidade sincrética, que combina elementos do cristianismo ortodoxo, do islamismo e do hinduísmo.

– SINTI, que se refere aos ciganos que vieram da Alemanha e da França, especialmente após a Primeira Guerra Mundial. Eles falam o idioma sinti, uma variante do romani com influências do alemão e do francês. Eles se destacam pela música e pela arte circense, além de serem habilidosos negociantes. Eles seguem o cristianismo católico ou protestante, mas também mantêm algumas tradições ancestrais.

As vertentes ciganas são fontes de riqueza e beleza para a humanidade, pois mostram a capacidade de resistência e adaptação dos ciganos diante das adversidades históricas e sociais.

Elas também são inspiração para diversas manifestações artísticas, religiosas e esotéricas, como a música cigana, a dança cigana, o tarô cigano e a linha do oriente na Umbanda.

 

SÍMBOLOS

Os símbolos ciganos são representações da cultura, da história e da espiritualidade desse povo nômade que se espalhou pelo mundo.

Cada símbolo tem um significado e uma função específica, podendo ser usado como amuleto, talismã, decoração ou identificação.

Alguns dos principais símbolos ciganos são:

 

– A bandeira cigana: é o símbolo internacional de todos os ciganos do mundo, instituída em 1971 no Primeiro Congresso Mundial Cigano. Ela tem as cores azul e verde, que representam os valores espirituais e a natureza, respectivamente. No centro, há uma roda vermelha que simboliza a vida, o caminho percorrido e a tradição cigana.

 

 

– A coruja: é o símbolo da segurança e do equilíbrio. A imagem da ave é usada para trazer proteção no plano físico e econômico, e para evitar perdas materiais. A coruja também representa a sabedoria e a intuição.

 

– A chave: é o símbolo das soluções e das oportunidades. Usada para atrair boas respostas aos problemas, a chave também está associada à riqueza e ao sucesso. A chave pode ser trabalhada no fogo para potencializar seu poder.

 

 

– A estrela de cinco pontas: é o símbolo da evolução e da sorte. Também chamada de pentagrama, a estrela representa o domínio dos cinco sentidos e a conexão com o divino. É usada para trazer proteção, intuição e êxito em todos os aspectos da vida.

 

– A estrela de seis pontas: é o símbolo da proteção e da harmonia. Também conhecida como Estrela Cigana ou Estrela de Davi, a estrela tem duas pontas formando dois triângulos iguais, que indicam a igualdade entre o que está em cima e o que está em baixo. É usada como um talismã contra os inimigos visíveis e invisíveis, e também representa o sucesso e a evolução interior.

 

– A ferradura: é o símbolo da sorte e da energia. Usada para atrair boa sorte e energia positiva, a ferradura representa o trabalho e o esforço. Os ciganos usam a ferradura como um poderoso amuleto da sorte, além de afastar a má sorte e as energias negativas.

 

 

– A lua: é o símbolo dos mistérios e da magia. Usada para atrair percepção, cura, poder feminino e exorcismo, a lua tem diferentes fases que influenciam na sua atuação. Quando cheia, a lua representa o maior elo de ligação com o sagrado, e as grandes festas ciganas são realizadas nas noites de lua cheia.

 

Esses são alguns dos símbolos mais conhecidos e utilizados pelos ciganos e por aqueles que se identificam com sua cultura. Eles expressam a essência desse povo que valoriza a vida, a liberdade, a natureza e a espiritualidade.

 

RITUAIS

Muitos dos rituais ciganos são praticados com amuletos, banhos, objetos comuns e diferentes tipos de rezas. O povo cigano utiliza o poder da natureza, como a força do nascer e do pôr do sol, das fases da Lua e dos ciclos da água, para realizar suas magias.

 

Os ciganos celebram várias festas ao longo do ano, que marcam os principais eventos da vida, como o nascimento, o casamento e a morte. Algumas das festas mais conhecidas são o Carnaval Cigano, a Festa do Solstício de Verão e o Dia Nacional do Cigano, 24 de maio, dedicado a Santa Sara Kali.

 

 

 

Os rituais ciganos são práticas ancestrais que visam conectar os ciganos com as forças da natureza, os espíritos ancestrais e as divindades, e são realizados em datas especiais, como o dia de Santa Sara Kali, a padroeira dos ciganos, o dia do nascimento ou da morte de um cigano, ou em momentos de transição, como casamentos, batizados ou mudanças de acampamento.

 

 

Envolvem elementos como fogo, água, terra e ar, que representam as energias vitais do universo.

Também utilizam objetos simbólicos, como velas, incensos, moedas, espelhos, cristais, cartas e fitas coloridas.

Os rituais ciganos são realizados com muita alegria, música, dança e oração, expressando a fé e a gratidão dos ciganos pela vida e pela liberdade.

 

ADERIR

Aderir aos ciganos é uma decisão que envolve muitos fatores e implicações. Os ciganos são um povo nômade que vive em diferentes países e culturas, mantendo suas tradições e costumes. Eles têm uma identidade étnica, linguística e religiosa própria, que nem sempre é bem aceita ou respeitada pela sociedade majoritária. Por isso, os ciganos sofrem frequentemente discriminação, preconceito e violência.

Para aderir aos ciganos, é preciso estar disposto a compartilhar sua forma de vida, seus valores e suas crenças. É preciso também estar preparado para enfrentar as dificuldades e os desafios que eles enfrentam no dia a dia, como a falta de acesso à educação, à saúde, à moradia e ao trabalho formal. É preciso ainda respeitar as normas e os rituais que regem as relações familiares, sociais e afetivas dos ciganos, que podem ser diferentes das que estamos acostumados.

Aderir aos ciganos não é uma escolha fácil ou simples. É uma escolha que exige coragem, compromisso e amor. É uma escolha que pode trazer muitas alegrias, mas também muitas renúncias. É uma escolha que pode mudar completamente a sua vida.

Para aderir aos ciganos, é preciso estar disposto a se adaptar ao seu modo de vida, que pode ser muito diferente do que se está acostumado. É preciso também respeitar suas normas e valores, que podem ser mais rígidos ou flexíveis do que os da sociedade dominante.

Por exemplo, os ciganos costumam ter uma organização familiar patriarcal e hierárquica, em que o homem é o chefe e a mulher tem um papel subordinado. Eles também têm uma forte ligação com seus parentes e sua comunidade, que lhes oferecem apoio e proteção.